sexta-feira, 14 de maio de 2010

Manutenção do Sistema Imunológico - 2ª Parte

Nesta segunda e última parte do artigo, a equipe do Prof. Ricardo W. Portela mostra que a nutrição adequada do organismo é uma das principais formas de manutenção do sistema imunológico, além da hidratação e higiene.


:: O bom estado do seu intestino promoverá um sistema imunológico forte.

O intestino é onde ocorre a absorção dos nutrientes, e ele é povoado por microorganismos que constituem a microbiota residente do corpo, e ela nos protege contra infecções de patógenos transitórios e oportunistas, além de metabolizar alguns nutrientes.

Então, ações como o uso de antibióticos por tempo prolongado e de forma inadequada, assim como conservantes e agrotóxicos podem causar alterações no intestino, favorecendo as infecções. A ingestão de alimentos como iogurtes, auxilia no reequilíbrio da microbiota normal do intestino. Os mais indicados são iogurtes probióticos, principalmente os que contêm Lactobacillus acidophillus, que reajustam a flora intestinal.

Proteínas devem ser consideradas fundamentais também nesse processo, visto que diversas substâncias que induzem a ativação e o funcionamento correto do sistema imunológico, como por exemplo grande parte das citocinas, são moléculas polipeptídicas, precisando dessa forma de um adequado fornecimento de aminoácidos da dieta para que sejam sintetizados.

Ainda com relação ao intestino, deve-se dar especial importância à infecção e presença de parasitas intestinais, principalmente helmintos. Estes podem, quando em um parasitismo intenso, sugar grande parte dos nutrientes ingeridos por um indivíduo, e dessa forma causar um déficit nutricional, o que pode refletir numa deficiência para o funcionamento correto do sistema imunológico. Além disso, esses parasitas podem desencadear um tipo de resposta imunológica especial, que é específica para combatê-los mas que, em excesso, pode inibir a imunidade direcionada para outros agentes, como por exemplo vírus e protozoários.


:: É necessário preservar partes do organismo que sejam portas de entrada em potencial para agentes infecciosos.

Nosso organismo possui barreiras naturais contra os microorganismos patogênicos, porém devemos fazer nossa parte, dificultando a entrada desses invasores. Eles podem penetrar principalmente pelos olhos, narinas, ouvido, boca e mucosas em geral, e pela pele, que apesar de ser uma barreira eficiente, pode ser uma porta de entrada potencial no caso de feridas. Não é mera coincidência que muitas vítimas de queimaduras morrem por infecções.

É preciso ter o devido cuidado com feridas, lava-las com água e sabão e usar medicamentos (como álcool-iodado) para fazer a assepsia do local. Evite apertar a mão de pessoas gripadas, se isso acontecer, lave suas mãos imediatamente, pois é uma grande via de disseminação de microorganismos. Não roer unhas, nem “lanchar” suas cutículas, pois atuam também como barreiras.


:: Hidratação

Os fluidos corporais são de extrema importância no combate as infecções, e isso depende da ingestão de água. Como exemplos de fluidos, podemos citar o sangue, o líquido céfalo-raquidiano, e outros, nos quais estão diluídos em grandes quantidades os anticorpos, servindo de mecanismo de defesa do organismo. É importante manter o organismo sempre bem hidratado, não só durante treinos ou competição, mas durante todo o dia, rotineiramente. É fundamental ingerir água pela manhã, assim que acordar, pois, dessa forma você estará reabastecendo todos os sistemas que passaram a noite na ativa. É válido ingerir também, chás, sucos de laranja e frutas em geral.


:: Você está em dia com suas vacinas?

Vacinas são o mecanismo mais eficaz de prevenção de doenças infecciosas. Têm sido utilizadas largamente pela população em geral, e muitas são oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Atuam mimetizando a infecção com determinado agente infeccioso, mas sem desenvolvimento de doença, ativando o sistema imunológico e induzindo esse a desenvolver uma memória que vai ser rápida, protetora e eficaz no caso de infecção com o microrganismo.
Por isso, é importante estar atento quanto aos tipos de vacina que são necessários e quando receber sua aplicação. Pessoas que estejam em processos infecciosos, mal nutridas, utilizando de tratamento com quimioterápicos e antiinflamatórios esteroidais não devem ser vacinadas.

Deve-se respeitar também o esquema de intervalo e número de vacinas, pois um excesso de vacinação pode funcionar ao contrário do que se deseja, em outras palavras, vacina demais pode induzir o organismo a tolerar um microorganismo e não agir contra ele, ao invés de combatê-lo.

Um atleta deve também estar atento às exigências de vacinações de regiões ou países em específico. Muitos países determinam vacinação obrigatória contra diversas doenças, como por exemplo a febre amarela na América do Sul, e essas vacinas devem ser aplicadas com um antecedência mínima, que varia em cada caso, antes que a pessoa viaje. A ausência dessas vacinações pode acarretar em recusa dos departamentos de imigração para que a pessoa ingresse no país, mesmo estando inscrita em provas desportivas.


:: Equipe do artigo

Supervisão: Prof. Ricardo W. Portela – Professor de Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Péricles Maia Andrade: Estudante de Medicina Veterinária da UFBA – Estagiário do Laboratório de Microbiologia do ICS (Instituto de Ciências da Saúde - UFBA).

Colaboração: Marlus H. Queiroz – Estudante de Nutrição da UFBA.

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